Chapter Nine

Ian chegou ao seu apartamento muitas horas mais tarde e encontrou uma lâmpada acesa no vestíbulo. Seu camareiro devia ter se esquecido de apagá-la. Apenas quando entrou no quarto notou que não estava sozinho. Havia mais alguém ali com ele.

Alguém que se parecia muito com um homem que em certa época ele tivera como pai. Um homem que mentira para ele e o traíra vergonhosamente. Um homem cuja presença era como uma lâmina afiada no peito de Ian.

- Olá, garoto!

Aquelas duas palavras romperam a fachada de compostura que Ian tentava com dificuldade projetar. Aqui era um pesadelo transformando em realidade.

Ele atravessou o aposento até onde seu hóspede não convidado estava sentado. Agarrando o homem de idade pela lapela, levantou-o com imprecações, com o coração martelando selvagemente em seu peito e o sangue latejando nas veias. Seu rosto estava apenas alguns centímetro do dele, e mesmo assim seu "convidado" não reagiu. Houve um tempo em que ele respeitava esse destemor, mas agora o desprezava.

- Que diabos você está fazendo em minha casa?

Sorrindo tranquilamente, Jonh Gilbert empurrou as mãos que amassavam seu casaco.

- Calma, garoto, isso é jeito de tratar um velho amigo?

- Você nunca foi meu amigo.

Parte do charme místico desapareceu das feições do homem mais velho.

- Solte-me rapaz! Tenho uma proposta a lhe fazer.

Por estanho que fosse, Ian o atendeu. Largando o casaco de John, ele empurrou o irlandês de volta na poltrona. Devia tê-lo matado quando essa ideia lhe ocorrera.

- Você tem cinco minutos para se explicar, antes que eu o atire lá fora. - Por que ainda dava ao canalha a chance de falar? Ele não aprendera, e da maneira mais difícil, que John não era confiável? Quando mais tempo passasse na companhia do irlandês, pior seria para ele.

John o olhava com uma expressão quase divertida. Ele endireitou o casaco displicentemente, parecendo despreocupado em relação a Ian e a sua raiva.

O filho da mãe sempre fora meio convencido. E pensar que um dia Ian tivera consideração por aquele homem, mais do que tinha por seu próprio pai. Claro que esse era o plano. John sabia exatamente o que dizer a ele para que Ian participasse encantado de todas as suas atividades ilegais. O irlandês metido era o mestre das manipulações que era de acordo com sua vontade.

- Não vai me oferecer bebida? - perguntou o mesquinho irlandês, e seu tom era tão suave e pegajoso quando a brilhantina que usava em seu cabelo.

Cruzando os braços no peito para controlar a inquietação de seus músculos, Ian encostou-se na sólida estrutura de sua escrivaninha.

- Você não vai ficar muito tempo aqui.

- Meu garoto, você mais do que ninguém deveria saber como eu sou rápido para acabar com um uísque.

- Sei que você falará mais rápido sem beber - Ian falou seco.

- Você se tornou um homem duro, Ian

- Fico me perguntando por  quê? - comentou ele sem disfarçar a ironia.

- Ah! então a culpa é minha?

Já não teria se passado mais de cinco minutos?

- O que você quer, John´s?

- Tenho um trabalho para você - Disse o homem mais velho desfazendo uma dobra na manga do casaco.

Então era isso. Essa era a razão da atitude amistosa. John´s precisava dele. Já fora muito condescendente com aquele homem por tempo demais.

- Saia!

John´s permaneceu onde estava, com uma expressão arrogante no rosto sombrio.

- Não acho que você queira me pôr para fora ainda.

- Sim eu quero. - Na verdade, queria mais do que isso. Queria bater nele, socá-lo até que o velho não exibisse nunca mais aquele sorriso irônico.

- Estou precisando de uma coisa - disse o velho - e quero que você a consiga para mim.

Ian deu uma gargalhada grosseira.

- Não há pagamentos nenhum que você pudesse me oferecer que me fizesse trabalhar para você de novo.

- Não há pagamento, garoto. Você ficou me devendo.

Devendo a ele? Se um deles devia algo ao outro, o credor era Ian.

Continua...

Espero que gostem... haha no próximo cap vcs vão entender melhor quem é o John Gilbert!!

bjokas e comenteeem galerinha